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Córnea – o que é, qual a sua função, distúrbios e cuidados

Córnea – o que é, qual a sua função, distúrbios e cuidados

Quando observamos uma paisagem, a imagem atravessa várias estruturas no olho, como a córnea e o cristalino que ajustam continuamente a quantidade de luz (refratam) para que a retina promova a sua focagem. Há toda uma complexidade que permite vermos com clareza e neste caso em concreto a córnea desempenha um papel preponderante.

O que é a córnea?

A córnea é o tecido transparente que cobre a parte frontal do olho e permite a passagem de luz desde o exterior até à retina com a mínima dispersão e degradação óptica. A córnea é responsável por proteger a íris e o cristalino. Para que a córnea proporcione uma boa acuidade visual, deve manter-se transparente e ter uma curvatura adequada. 

A córnea é composta por proteínas e células. É ricamente enervada, mas não contém vasos sanguíneos, ao contrário da maioria dos tecidos existentes no corpo humano. Caso contrário, os vasos sanguíneos poderiam embaciar a córnea, e impedi-la de refratar a luz adequadamente, tendo como resultado uma diminuição da acuidade visual.

Não havendo vasos sanguíneos que forneçam nutrientes na córnea, as lágrimas e o humor aquoso (um fluido aquoso) presente na câmara anterior são responsáveis por fornecer os nutrientes à córnea.

O tecido da córnea é composto por cinco camadas e cada uma com a sua função. Essas cinco camadas são:

  • Epitélio
  • Camada de Bowman
  • Estroma
  • Membrana de Descemet
  • Endotélio

 

Epitélio

O epitélio é a região mais anterior da córnea e representa cerca de 10% da espessura do seu tecido. A função do epitélio corneano resume-se essencialmente em duas ações: 

  • Bloquear a passagem de corpos estranhos, como água, poeira e bactérias, para o olho e outras camadas da córnea. 
  • Fornecer uma superfície suave que absorve oxigénio e nutrientes celulares das lágrimas e, em seguida, distribui esses nutrientes para as restantes zonas da córnea.

O epitélio possui por milhares de pequenas terminações nervosas que tornam a córnea extremamente sensível à dor quando friccionada ou arranhada. A parte do epitélio que serve como base sobre a qual as células epiteliais se organizam denomina-se membrana basal.

Camada de Bowman

Localizada logo abaixo ou por trás da membrana basal do epitélio está uma fina camada de tecido transparente conhecida como camada de Bowman. Apesar de extremamente delgada, é altamente resistente, devido à disposição aleatória das suas fibras de compostas por colágeno. Se a camada de Bowman sofrer um ferimento, pode desenvolver-se uma cicatriz enquanto cura. Se essas cicatrizes forem grandes e localizadas no centro, pode ocorrer uma perda considerável da visão.

Estroma

A seguir à camada de Bowman está o estroma, que representa cerca de 90% da espessura da córnea. Consiste principalmente em água (78%) e colágeno (16%) e também não contém vasos sanguíneos. O colágeno dá à córnea força, elasticidade e forma. A forma, o arranjo celular e o espaçamento exclusivos do colágeno são fundamentais para a manutenção da sua transparência responsável pela passagem e condução da luz através da córnea.

Membrana de Descemet

Sob o estroma está a membrana de Descemet, uma fina, mas resistente camada de tecido que tem a função de barreira protetora contra infecções e lesões. A membrana de Descemet é composta por fibras colágenas (diferentes das do estroma) sendo a responsável pela aposição das células endoteliais que se encontram abaixo dela. A membrana de Descemet é facilmente regenerada após uma lesão devido a sua formação a partir do endotélio.

Endotélio

O endotélio é uma camada fina de tecido e a mais interna da córnea. As células endoteliais são fundamentais para manter a córnea transparente e através da sua forma poligonal regular, permite a transferência de fluidos e nutrição. A principal função do endotélio é bombear o excesso de fluido para fora do estroma. Caso contrário, o estroma acumularia água, tornando-se turvo e, por fim, opaco. Um olho saudável, dispõe de um equilíbrio perfeito entre o fluido que é transferido para dentro da córnea e o fluido que é bombeado para fora desta. Quando ocorre uma diminuição na densidade de células endoteliais, o endotélio pode ser afetado por defeitos congénitos ou degenerativos, tendo como resultado alterações patológicas na córnea.

 

Qual é a função da córnea?

Como mencionado anteriormente, a córnea permite que a luz atravesse as várias camadas até a retina. Mas, desempenha outros papéis fundamentais para o bom funcionamento do olho, inclui:

  1. Ajuda a proteger o olho de poeira, bactérias e outras substâncias nocivas. A córnea compartilha esta tarefa com as pálpebras, as lágrimas e a esclera (a parte branca do olho).
  2. A córnea atua como a lente mais externa do olho. Ou seja, funciona como foco à entrada de luz no olho. A córnea contribui entre 65% a 75% do poder de refração total do olho.

Quando a luz atinge a córnea, ela dobra – ou refrata – a luz que entra no cristalino (lente natural do olho). O cristalino reorienta ainda mais essa luz para a retina, uma camada de células sensíveis à luz que revestem a parte de trás do olho e que inicia a tradução da luz em visão. Para que seja possível ver com clareza, os raios de luz devem ser focados pela córnea e pelo cristalino para que cheguem à retina com precisão. Esta última, converte os raios de luz em impulsos que são enviados através do nervo óptico para o cérebro e que por sua vez os interpreta como imagens.

O processo de refração ocular é semelhante à maneira como uma máquina fotográfica tira uma foto. A córnea e o cristalino atuam como as lentes da máquina. A retina é semelhante ao filme ou sensor digital. Se a imagem não estiver focada corretamente, a retina recebe uma imagem embaciada.

 

Quais os sintomas comuns de distúrbios na córnea?

Bom, já entendemos que qualquer alteração na consistência da camada da córnea causa alteração da visão. Ou seja, como a diminuição da sua transparência, pode causar a visão embaciada.

Os sintomas comuns de distúrbios na córnea

Se sentir alguma alteração ou agravamento dos sintomas abaixo referidos, recomendamos agendar uma consulta oftalmológica de urgência.

  • Dor no olho
  • Inchaço
  • Distorção da imagem
  • Vermelhidão
  • Visão embaciada
  • Hipersensibilidade à luz (fotofobia)
  • Cicatriz corneana
  • Diminuição da nitidez da visão

 

Quais os tipos de doenças da córnea e sintomas relacionados?

À parte de pequenas lesões, ocorrem doenças da córnea para as quais necessita de procurar ajuda de um oftalmologista. As causas mais comuns de doenças e problemas com a córnea são:

Erros refrativos

Em condições normais, quando o olho não possui qualquer deficiência visual, a imagem dos objetos forma-se sobre a retina. Caso contrário, a visão é desfocada e estamos na presença de condições designadas por erros refrativos (Miopia, Hipermetropia e Astigmatismo).

Trauma ou ferimento

A córnea é capaz de se recuperar sozinha de ferimentos ligeiros. As células saudáveis atuam sobre a área afetada de imediato e tratam da lesão antes que ela afete a visão ou progrida para uma infeção. Mas em caso de lesão profunda, a córnea necessita de mais tempo para cicatrizar. A lesão mais profunda também pode causar cicatrizes na córnea que podem prejudicar a visão e necessita de uma ablação por laser da córnea ou transplante de córnea.

Alergias

As alergias relacionadas ao pólen são o tipo mais comum de alergias que afetam os olhos, especialmente na estação seca e quente. Os sintomas de um distúrbio ou doença da córnea devido a alergias incluem prurido, vermelhidão, ardência, lacrimejo, picadas e secreção aquosa.

Ceratite

A ceratite é uma inflamação da córnea. O uso de lentes de contato por tempo prolongado ou ferimentos leves podem causar uma ceratite não infeciosa. No entanto, bactérias, fungos, vírus ou parasitas causam uma ceratite infeciosa. Estas infeções estão relacionadas a traumas, como o uso de lentes de contato, qualquer lesão ocular por corpo estranho, etc. 

A título de exemplo, quando as lentes de contato são utilizadas em excesso ou não são devidamente higienizadas, essas infeções podem ocorrer. Geralmente nesta condição são prescritos colírios antibacterianos para tratar infeções da córnea. Em casos graves, um tratamento intensivo pode ser necessário para eliminar totalmente a infeção. Em casos especiais o médico oftalmologista pode prescrever colírios esteróides para minimizar a inflamação.

Olho Seco

Nesta condição, o olho não consegue manter a superfície ocular húmida e lubrificada, ou seja o sistema lacrimal funciona de forma deficiente. 

As lágrimas são fundamentais para manter uma boa saúde ocular. Dito isto, perante uma quantidade ou qualidade de lágrima insuficiente iniciam-se os primeiros sinais e sintomas do Olho Seco, que inclui: O olho seco causa além de desconforto ocular, ardor, vermelhidão, visão embaciada, sensação de corpo estranho ou areia, fotofobia e episódios de lacrimejo excessivo. 

Herpes ocular

O herpes ocular, também conhecido como “herpes do olho“, é uma infeção vírica que tende a surgir repetidamente. A principal causa desta condição ocular é o vírus Herpes Simplex I (HSV I). Produz feridas na superfície da córnea e, com o tempo, a inflamação/infeção espalha-se de modo profundo no olho e na córnea. Embora não haja cura para o herpes ocular, o uso oportuno de medicamentos ajuda a controlar esta condição.

Degenerações e distrofias da córnea

Estas constituem um conjunto de patologias hereditárias que provocam alterações estruturais na córnea ou acumulação de substâncias devido a causas genéticas. Existem diversos tipos de degenerações e distrofias da córnea que resultam em problemas estruturais neste tecido. O ceratocone é um exemplo comum dessas degenerações genéticas, caracterizando-se pelo afinamento e protrusão da córnea, cicatrizes, visão turva e, em casos graves mesmo a cegueira. Com o afinamento e as alterações provocadas pela ceratocone, surge uma visão embaciada, acompanhada por outros sintomas como:

  • Dor ocular moderada ou intensa;
  • Lacrimejo excessivo;
  • Dificuldades visuais;
  • Sensação de corpo estranho.

O tratamento habitual nos casos mais graves pode passar por um transplante de córnea. Através de exames oftalmológicos regulares e o reconhecimento dos sintomas típicos das doenças da córnea, é possível a deteção precoce destas condições. O seu oftalmologista pode recomendar terapias médicas que podem prevenir ou atrasar a necessidade de um transplante.

 

Conclusão

Apesar de um olho seco ligeiro não ser, por si só, prejudicial à estrutura ocular, sem diagnóstico e tratamento adequados pode evoluir para uma condição mais grave de olho seco, levando a complicações como ceratite, úlceras, entre outras. Assim, perante sintomas como olhos vermelhos, ardor, sensação de areia ou corpo estranho no olho e visão turva, é aconselhável procurar um diagnóstico e tratamento adequados à sua situação específica.
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Confie a sua saúde visual a quem, melhor do que ninguém, conhece os seus olhos!

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